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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"Menina Moça"- Menina adolescente




Esta música faz referência á menina moça e era cantada pelo Orfeão do Grupo escolar Otacílio de Oliveira Ramos


















No sentido com o qual foi criado, o Baile-de-debutantes é o coroamento de um projeto educativo independente e sui generis. Surgiu no século XVIII junto às cortes européias, com a finalidade de educar as meninas para a vida social e a direção do lar. Esta era praticamente a única alternativa à vida religiosa em um monastério. Mas, gradualmente essa vinculação palaciana se desfez, e o baile passou a ser promovido por entidades várias, ora associado a um programa educativo bastante disciplinado – quando organizado por igrejas, escolas e entidades filantrópicas –, ora meramente uma festa estelar, promovida por clubes e hotéis de luxo, sem qualquer exigência prévia senão o pagamento de taxas exorbitantes aos seus organizadores. A palavra "debutante" vem do francês débutante, que significa iniciante ou estreante.

http://www.cobra.pages.nom.br/bmp-debutantes.html


Machado de Assis é
Menina e moça

A Ernesto Cibrão

Está naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher.

Às vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem cousas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catecismo e lê versos de amor.

Outras vezes valsando, o seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.

Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, à brisa enamorada,
Abrir as asas de um anjo e tranças de uma huri.

Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.

Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do colégio e o nome de um doutor.

Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra;
E quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra;
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.

Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para ela é o estudo, excetuando-se talvez
A lição de sintaxe em que combina o verbo
To love, mas sorrindo ao professor de inglês.

Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece acompanhar uma etérea visão;
Quantas cruzando ao seio o delicado braço
Comprime as pulsações do inquieto coração!

Ah! se nesse momento, alucinado, fores
Cair-lhe aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de vê-la zombar de teus tristes amores,
Rir da tua aventura e contá-la à mamã.

É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!

Machado de Assis é
Menina e moça

A Ernesto Cibrão

Está naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher.

Às vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem cousas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catecismo e lê versos de amor.

Outras vezes valsando, o seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.

Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, à brisa enamorada,
Abrir as asas de um anjo e tranças de uma huri.

Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.

Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do colégio e o nome de um doutor.

Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra;
E quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra;
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.

Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para ela é o estudo, excetuando-se talvez
A lição de sintaxe em que combina o verbo
To love, mas sorrindo ao professor de inglês.

Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece acompanhar uma etérea visão;
Quantas cruzando ao seio o delicado braço
Comprime as pulsações do inquieto coração!

Ah! se nesse momento, alucinado, fores
Cair-lhe aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de vê-la zombar de teus tristes amores,
Rir da tua aventura e contá-la à mamã.

É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!



Machado de Assis é
Menina e moça


Memórias de Adolescente

O corpo, aos poucos, foi se modificando, afinal, tornei-me uma menina-moça (como se falava naquela época - 1964). Sexo era um assunto tabu, na hora do recreio  - no colégio - minhas colegas e eu, num cantinho do pátio, bem longe dos adultos, trocávamos informações sobre o ato sexual. Era tudo muito cheio de mistério, cochichos e risadinhas... Em plena ditadura militar a vida era quadrada, nada rolava, nem poesias nem loucuras: vamos cantar o hino nacional e hastear a bandeira! Mas nós, meninas, queríamos usar mini-saia e batom rosa-cintilante nos lábios. Eu, particularmente, gostava de desafiar as autoridades da escola, amarrava um blusão nos quadris e desfilava pelo pátio...segundo a tal senhora carrancuda da sineta eu era uma menina transviada...o que me causava ataques de riso! As aulas de trabalhos manuais não prendiam meu interesse, então, eu fugia pulando a janela  e, junto com outras alunas, ia direto para a rua da praia assistir, ao vivo, o progama de rádio do Jones de Oliveira Borges. A rádio Continental ficava num dos andares de um antigo prédio, na esquina da Andradas com a Gen. Câmara. O Jones não tinha mais que vinte e poucos anos e nós doze ou treze. Ficávamos juntinhas, em pé, espiando tudo o que acontecia no estúdio. Suspirávamos por ele (era um pão!). E assim o tempo foi passando, líamos Érico Veríssimo, Machado de Assis, fotonovelas, escrevíamos diários, sonhávamos com um futuro diferente de casar e ter filhos. Minhas mais chegadas amigas, uma queria ser jornalista, a outra tocava violoncelo e estudava francês, era sarcástica e inteligente, outra queria estudar Física. Em plenos anos de chumbo não sabíamos o que estava acontecendo no país! Ninguém falava em política, tudo era censurado: quando afinal entendi o que fora o golpe militar, já era moça feita. Parece impossível, mas é verdade, somente na faculdade de Jornalismo é que fiquei sabendo o que era o AI-5 e o DOPS, que as pessoas sumiam da noite para o dia, que havia morte e tortura...   Eu, com dezoito anos, era uma garota virgem e ingênua, totalmente alienada sem qualquer consciência social e política! Aquele novo mundo foi fascinante: o prédio da faculdade de Comunicação Social era - e ainda é - próximo ao Planetário. As aulas - no primeiro semestre -  aconteciam pela manhã.  As pessoas que ali estudavam eram muito interessantes! Tempo das canções de protesto, do movimento hippie, da guerra do Vietnã, do musical Hair. Usávamos roupas coloridas e bolsas de artesanato a tiracolo, íamos para um bar chamado Tortuga, proximo à av.Independência, beber caipirinha e comer linguiça calabresa; envoltos numa bruma causada pela fumaça dos nossos cigarros, ríamos de tudo e parecia que o futuro seria fantástico! As aulas - na faculdade - eram ridículas!  Os pobres professores só podiam comentar banalidades e havia - com frequência - boatos de que alguém na sala seria do DOPS...portanto a desconfiança pairava no ar. Entre uma aula e outra, íamos para a lancheria da faculdade tomar cafezinho e fumar, tocar violão... Hoje, em 2008, penso que já ninguém mais é alienado, todos sabem de onde o mal vem... ou seja, da politicagem...

Sarah Simon

Publicado no Recanto das Letras em 03/05/2008

Postagem de Mariãngela Cândido


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