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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Chain: o catanduvense de pés descalços (Baccanelli)


O popular Chain ficou conhecido por sempre andar com os pés descalços
Catanduva possuiu inúmeras pessoas que até hoje são lembradas por grande parte da população, não por serem poderosos, por possuírem grandes cargos políticos ou ainda por terem realizado “grandes feitos”.
Inúmeros personagens da vida real deixaram suas marcas em nossa cidade pelo jeito único de serem, pelos seus hábitos, costumes e individualidades, fazendo com que eles ficassem conhecidos em sua época e em tempos posteriores.
Podemos aqui citar o negro Osório, homem que vestia uma farda, apito na mão, com direito à quepe e porrete de borracha, que ficava “comandando” o trânsito de nossa cidade em tempos atrás. Diz uma história, que certa vez ele chegou a tomar trinta copos de água de uma vez só.
Muitos ainda se lembram do Muriano, que usando seu sapato velho e furado, cajado na mão e um saco nas costas, andava em Catanduva pedindo esmolas, sempre falando sozinho e causando medo em algumas crianças, embora totalmente inofensivo.
Ainda podemos citar “Joaquim Bolo Fofo”, que era alto e gordo, andava mal trajado e de chinelos, fazendo ponto em frente à “Casa Dois Irmãos” e com seu chapéu arrecadava moedas que lhes eram dadas pela população; também a figura de Andó, caracterizado por sempre usar um paletó azul, camisa abotoada até o pescoço, chapéu, falanmdo sozinho, percorria a cidade com uma pequena enxada nas costas e quando alguém pedia para ele capinar algum quintal, ele sempre respondia: “Amanhã eu vou”.
Todos esses personagens deixaram marcas em nossa cidade e claro que muitos além desses existiram em Catanduva, bem como atualmente contamos com algumas figurinhas marcantes em nosso meio.
Dentro dessa perspectiva, hoje vamos conhecer um pouco da vida de outra figura muito conhecida em Catanduva: Chain Felício Tayar, o homem dos “pés descalços”.


Chain sempre foi muito querido pela população de Catanduva e era  muito conhecido também 

Chain Felício Tayar nasceu na cidade de Catanduva, no dia 02 de novembro de 1933. Filho de Felício Tayar e de Chafica Tayar, de origem libanesa, seu pai exercia a função de pastor, matando cabritos e carneiros e depois vendendo a carne. Além de Chain, o casal ainda possuía mais três filhos: Jamil Tayar, Damus Felício Tayar e Saada Felício Tayar.
Chain, que durante a sua vida exerceu a profissão de corretor de automóveis, ficou muito conhecido em nossa cidade pela característica particular de andar sempre com os pés descalços.
“Esse era um costume que ele tinha desde criança. Não calçava sapato de jeito nenhum, e olha que o pé dele era duro. Muitas vezes quando ele ia vender algum automóvel, ele dava cada chute no pneu do carro para mostrar que era bom, que eu acho que até de botina dava para machucar”, relembra o irmão caçula de Chain, Sr. Jamil Tayar.
Em jornais antigos de nossa cidade, contidos no acervo do Museu “Padre Albino”, foi possível encontrar matéria que classificou Chain como um andarilho, fato que foi negado por seu irmão. “O Chain nunca foi um andarilho, porque ele tinha casa. Como nunca casou, sempre morou com os pais. O que acontecia, é que às vezes ele saía andando pelas ruas e não voltava, dormia em alguns lugares, como a Guarda Municipal, por exemplo”.
E por falar em Guarda Municipal, um dos grandes desejos de Chain era de poder usar o uniforme da corporação. Sua vontade foi cumprida durante a gestão do prefeito municipal Carlos Eduardo de Oliveira Santos, e das mãos do chefe da GCM, Dorival Callegari, recebeu a farda e o apito que tanto queria.
De acordo com o referido prefeito, em matéria do jornal “O Regional”, de 06 de julho de 1999, a doação do uniforme à Chain foi feita com uma condição: de que ele se calçasse. “Ele não usava calçados e seus pés estavam sempre machucados, por isso demos a farda que ele queria com a condição de que, a partir dali, ele usasse sempre sandálias e meias que compramos”, lembrou Carlos Eduardo.


Foto tirada durante a construção do calçadão da rua Brasil, no ano de 1987. Chain sempre estava perto de políticos e pessoas conhecidas da cidade. Na foto, temos, da esquerda para a direita: José Paschoal Figueiredo, José Roberto Louzado, Geraldo Coneglian, Haroldo Gondim Guimarães, José Alfredo Luiz Jorge, Baroni, Thomé e Chain, com os pés descalços

Se por um lado Chain não gostava de cuidar muito de seus pés, grande cuidado dispensava para as mãos. “Ele tinha o costume de lavar muito as mãos. Abria a torneira, gastava quase um sabonete e ficava um tempão esfregando uma mão na outra para poder deixá-las impecáveis. E quando acabava de lavar, não fechava a torneira não, com medo de sujar de novo”, relembra o costume do irmão o Sr. Jamil.
Um dos fatos lembrados por seu irmão foi uma das festas de carnavais, onde Chain desceu a rua Brasil com uma placa que continha os dizeres: “Chain, o maior corretor da praça”.
“Ele gostava muito de carnaval e era nessa época quando ela mais se arrumava, ou melhor, colocava uma bermuda mais arrumada ou uma calça arregaçada na altura das canelas e saía para as noites de festa. Ele podia ter todos os defeitos do mundo, mas uma coisa que era muito forte nele era sua honestidade. Como era corretor de carros, hoje em dia é muito comum vermos as pessoas venderem carros ruins por bons. Chain não: se o carro fosse batido ele não vendia, ou ainda mostrava os defeitos que o carro que estava vendendo possuía. Não enganava ninguém”, finaliza seu irmão caçula.
Chain Tayar faleceu no dia 05 de julho de 1999 devido à problemas respiratórios. Seu corpo foi enterrado com uma farda da Guarda Civil Municipal de Catanduva no cemitério “Nossa Senhora do Carmo”.
Como forma de homenagem à essa grande figura que fez parte da história de Catanduva, o vereador Marquinhos Ferreira apresentou projeto de lei no ano de 2009, denominando que a estrada municipal Ravazi (C.T.V. 382) recebesse a denominação de “Rodovia Municipal Chain Felício Tayar”. O projeto foi aprovado e transformado na Lei Nº 4.911, de 22 de fevereiro de 2010. 



Sr. Jamil Tayar, irmão caçula de Chain: " Eu como era o caçula, de vez em quando eu dava umas broncas  nele e ele não gostava não"

Por Thiago Baccanelli
http://baccanellihistoria.blogspot.com/2012/01/chain-o-catanduvense-de-pes-descalcos.html

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