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domingo, 2 de março de 2014

Nos tempos da calça LEE






O uso da calça jeans marcou um novo momento da história. Sem nenhum exagero! Marcou a identidade de uma juventude que, antes, apenas assimilava com obrigatoriedade o dever de um adulto antes dos tempos e sem possibilidades de errar. Os anos 60 impuseram uma nova proposta nas relações humanas.

Um imenso desconforto marcou visceralmente a geração daquele tempo ainda próximo da era do Holocausto e do asco nazista. Tempos de guerra do Vietnã, sendo a primeira vez que um conflito de tamanha envergadura era exibido via satélite pelo mundo inteiro. Era impossível a indiferença diante de tanta destruição e medo! Era a morte se apresentando, mostrando os dentes, declarada e abertamente e vinha monstruosa, em um espetáculo de terror que esbravejava por todas as direções.

Pela primeira vez o ocidente percebeu uma gritaria contra o poder estabelecido pelos Estados Unidos e o seu capitalismo excludente e explorador. Contracultura, movimento Hippie, sociedade alternativa, quebra de paradigmas, movimento feminista, a busca do libertário... Tudo tão fascinante e fervente, sempre com a declaração entusiástica de que era proibido proibir, que a busca era da "paz e do amor" e a juventude, nos seus movimentos culturais, buscava redefinir o seu papel, com mais humanidade, beleza, em uma chuva de cores e sons que, através do rock, de Woodstock, faziam aquele barulho que tentava afirmar "estamos aqui, temos vida, voz e não queremos ouvir os barulhos das bombas e dos seus efeitos. Queremos intensidade nas relações, queremos a dança ao invés do poder, podre poder".

E foi nesse tempo frenético, dual, questionador que foi aparecendo no mercado, lentamente, um novo símbolo da liberdade: a calça Lee. Anos mais tarde se cantava: "liberdade é uma calça velha, azul e desbotada que você pode usar do jeito que quiser. Não usa quem não quer".



Importada dos Estados Unido - que a juventude ocidental tanto criticava - era o grande sonho de consumo de qualquer ser pensante. Mas era cara. E como era cara! Meu irmão esperou por ela alguns longos meses até que o me pai pudesse comprá-la e, quando a mesma chegou, o meu irmão usava e nem se mexia direito, de tanta pose, de tamanha importância que ele assumira frente os amigos. Ficava em pé, praticamente imóvel, com as mãos no bolso, mas sabendo-se observado e valorizado. Não foi, certamente, o primeiro da turma a ter a calça Lee.


A minha avó não entendia muito bem o gosto por aquela calça grossa. A minha mãe dizia que era calça de vaqueiro - a calça rancheiro - e aí que a vó não entendia mesmo porque esse desejo estava tão aguçado. Eu não pedia uma prá mim. Tinha vontade, mas não se costumava pedir nada naquele tempo e ainda mais, aquela calça era para um público masculino.

Pouco tempo tempos, com a inovadora e fortíssima Jovem Guarda, com os novos formadores de opinião, as moças passaram a ter mais visibilidade a partir da Wanderléia, que logo lançou a calça "Ternurinha". Depois de algum tempo eu ganhei uma. A metamorfose que se processava na cabeça das meninas era também muito grande e intensa. A gente sentia que um mundo diferente estava sendo construído. Tempos de mudanças, de mais efervescência cultural, de liberdade, de crítica da paixão, de uma nova poética. Tempos de maior percepção da realidade, da não aceitação da obediência cega, da crítica à fé pelo medo, aquele obscurantismo com raiz na Idade Média.

A calça Lee, mesmo sendo americana (aliás, norte-americana, porque todos nós somos americanos e damos aos irmãos do norte o poder ideológico de serem donos do continente) representava o triunfo de uma paixão nascente, colorida, multifacetada, envolvente e criativa de uma juventude que queria estar presente e pensante no mundo e não ser apenas a sua refém nos tempos da Guerra Fria.
Vera Moratta

Aqui no Brasil quem quisesse posar de rebelde sem causa “a lá James Dean”, tinha que viajar e comprar o jeans lá fora meu bem, no exterior... Nessa época, importação em nosso país era coisa rara, proibida mesmo. É claro que já existia o contrabando, mas mesmo assim era difícil. O desejo de se ter uma legitima calça LEE e ou uma LEVI’S - sonho de consumo de muitos rapazes da época - custava caro.
Calças Jeans LEE... Nossa! Virou febre na época. A LEE até hoje continua sendo uma das marcas mais emblemáticas da cultura americana. Calças e jaquetas que representam muito mais do que uma simples peça de roupa, mas um estilo de vida americano de ser, ou melhor, mistura a moda e o western num pacote só...

Ah.. o "charme" da época era  que elas estivessem com ar bem envelhecido e desbotado! E para tirar a "cara" de nova, mergulhávamos a calça em água sanitária, e alguns mais exigentes, as esfregavam incansávelmente com pedras até conseguirem o "look" desejado.

Vejam o comercial antigo da calça LEE clicando na telinha abaixo


Abaixo o comercial antigo da USTOP (1976) propondo "uma mudança no seu jeito de viver"






http://www.saopaulominhacidade.com.br/historia/ver/7350/Nos%2Btempos%2Bda%2Bcalca%2BLee/pagina/2
http://carissimascatrevagens.blogspot.com.br/2012/05/o-primeiro-jeans-agente-nunca-esquece.html